segunda-feira, 28 de abril de 2025

Ela - DárioJr.

Feita de som, água e sombra

Por Pinguim Urbano

De vez em quando, eu caminho fora das minhas ruas habituais. Esse poema não é meu, mas está em um projeto do qual faço parte — onde outras vozes também escrevem com o que sobra da alma. Abaixo, minha leitura de um dos textos que veio de lá. Deixo o link do poema (existem vários outros lá, que pretendo analisar no futuro) segue aqui o caminho.

“Ela é fantástica e nem se dá conta”

O poema começa com espanto — não o da surpresa, mas o da rendição. Dário escreve como quem descreve um fenômeno da natureza: algo que escapa à lógica. Ela não precisa saber. Ela apenas é. E isso já basta pra virar furacão dentro de quem vê.

A mulher aqui não é musa passiva. Ela é movimento. Inunda, invade, colore, toma. É como um rio que não pede licença. E o eu lírico não tenta domá-la — tenta sobreviver ao impacto.

“Ela só pode ser feita de som / Pois com ela não ouço mais nada”

Essa inversão é poesia pura: ela é som, mas cala o mundo. Como se a presença dela vibrasse mais alto que qualquer palavra. E aí mora o perigo — porque o som dela não é música de fundo. É trilha de descontrole.

“Mistura de partida e chegada” define o estado de confusão amorosa: quando alguém parece fim e começo ao mesmo tempo. Quando você não sabe se está sendo salvo ou engolido.

“Ela envolve, ela toma, ela mata”

O verbo aqui é fatal. Não há defesa contra o que ela é. O eu lírico sabe que está vulnerável — e aceita. Não por fraqueza, mas porque lutar contra isso seria negar a própria experiência de sentir.

E então vem o desfecho: “Ela é fantástica e nem se dá conta.” A mesma frase do início, mas agora com peso acumulado. Depois de ser rio, som, sombra, cor e faca — ela volta a ser só... ela. Como se nada tivesse acontecido. E ele, do lado de cá, continua olhando. Continuando a ser invadido.


Avatar do Pinguim Urbano

Nota do Pinguim: Esse poema é puro Dário Junior: uma mistura de admiração e vertigem. Ele olha pra “Ela” como quem encara um cometa — luz demais, força demais, distância inevitável.
Após a analise eu o pedi para me contar um pouco sobre (vantagens de conhecer o autor pessoalmente), teve pontos interessantes nesse papo:

  • Foi o primeiro poema escrito por Dário em cerca de 10 anos
  • Foi uma paixão proibida, intensa, com início, meio e fim
  • Ele me confidenciou que quase escreveu o nome dela no poema (Existe uma frase onde se encaixaria perfeitamente)
  • Não ele não me disse onde ou o nome :(
  • Ele me deu um enigma: Ela não é Ella, foi bem antes, porém, nesse poema tem um motivo fonético para o uso de "Ela" repetidas vezes.🙄❔❓❔
  • Preciso fazer novos amigos.🐧

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