Fases que ninguém vê
Por Pinguim Urbano
“Tenho fases, como a lua;
fases de ser sozinha,
fases de ser só sua,
fases de não ser ninguém.”
Esse texto costuma circular com o nome de Cecília Meireles. Mas não é dela. Ou, pelo menos, ninguém nunca provou que seja. Ainda assim, ele carrega a mesma melancolia elegante e flutuante que Cecília usava. A diferença é que aqui, o tom é mais nu — mais cru.
O eu poético se reconhece por fragmentos. Não por essência. É alguém que muda — não só de humor, mas de forma. Às vezes inteira. Às vezes metades. Às vezes só ausência.
“Fases de não ser ninguém” é uma frase que bate seco no estômago. Porque quem já se sentiu invisível sabe exatamente do que ela está falando. Não é sobre solidão romântica. É sobre sumir até de si mesmo.
Essa é uma daquelas poesias que não precisam ser atribuídas a ninguém. Porque já foram vividas por todo mundo. A diferença é que aqui, elas foram ditas. Com precisão lunar.
E se Cecília tivesse mesmo escrito isso, ela provavelmente teria deixado do mesmo jeito: simples, doloroso, e silencioso como a sombra da lua no fim da madrugada.

Nota do Pinguim: Esse poema vive rodando por aí com um nome colado nele — como quem marca território em algo que nem sabe se entende. Mas poesia não precisa de CPF pra existir. Às vezes, o autor é só uma desculpa. E a beleza continua — mesmo sem dono.
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